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08 March 2024

Final - PARTE 2

Se eu idealizei viver em condições dramáticas, meu corpo refletiu meus pensamentos, para mim, da pior maneira. Eu, unicamente, queria que ele parasse de me sabotar, pois, a qualquer ação minha se desencadeava um anseio de desmaio. Não dava para viver assim! Ele, na minha cabeça, devia permanecer forte, enquanto eu sistematicamente o enfraquecia.

Ah! Nem mencionei, este detalhe, mas durante esse "jejum apocalíptico" minha imunidade baixou e gripei. Reestabeleci-me com vitamina C e mel com própolis e, logo depois, gripei outras duas vezes.

Não demorou e a resposta do meu corpo chegou, no domingo, através da balança, engordei 100 gramas! Atônita fiquei e por maior que fosse meu discernimento sobre o porquê de eu ter engordado, preferi abraçar a ignorância. Simplesmente acreditei que, se eu passasse ainda mais privação, eu perderia peso de novo na semana seguinte. Mas, desta vez, meu peso aumentou em 1 quilo. Óbvio, fiquei desesperada, sabia o que havia acontecido, mas não aceitava que meu organismo entrara no modo de sobrevivência.

Aquele foi um domingo trágico, havia chegado ao meu limite e não consegui a resposta que eu demandava. E como foi terrível essa última semana! Comi tão pouco e por duas vezes não tive sequer energia para fazer o meu arroz. Só de chegar perto do fogo comecei a passar mal. Fiquei preocupada, pois, não tinha qualquer alimento pronto (fora de cogitação as barras de alpino) para o consumo, nem uma fruta ou barra de cereal.

Só pensava que se eu caísse poderia bater a cabeça e não haveria nenhum socorro. Imaginar isso me deixou arrasada, seria esse meu fim? E o pior era saber que não havia nada que eu pudesse fazer a respeito. Visto que, a rota de emagrecimento que tracei seria a qualquer custo, não iria parar, por minha vontade, se acontecesse algo mais grave... paciência, eu permaneceria de boca fechada! Claro, até ver aquele um quilo que aumentei.

Foi uma batalha tão importante para decidir quem comandaria meu corpo, o livre-árbitro desejava uma coisa, mas o organismo outra. Aceitei que perdi, o estado de sobrevivência imperou. Resignada, naquela noite de domingo, decidi fazer algo que jamais cogitei: buscar ajuda para "passar fome"! Nunca quis ir a um nutricionista, mas agora eu precisava desse suporte. Tinha que encontrar meios para burlar o mecanismo de defesa que se instaurou no meu corpo.

Para minha surpresa descobri que não poderia marcar um nutricionista diretamente, teria que ser por indicação. Isso não seria nada de mais, a não ser que eu estivesse fugindo, desde 2021, desse encontro. Naquele ano eu fui a um endocrinologista, fiz uma série de exames. Meu interesse era saber sobre meu colesterol e gordura no fígado, pois no final de 2019 eu havia parado de comer fritura de imersão. Estava curiosa para saber se isso trouxe um resultado positivo para as minhas taxas.

Já adianto que elas estavam baixíssimas e não apresentava gordura no fígado. Além desse resultado positivo, apenas a urina, por conta de eu beber muita água, estava excelente. O resto dos exames alterados, por exemplo, a vitamina D em 11 e a glicose em 101. Não vou me estender no meu prontuário, mas deixo registrado que a minha família paterna é toda diabética e que eu passei os 3 anos seguintes me entupindo de açúcar. Sim, nos anos anteriores também, mas, ao menos, eu não tinha a certeza de como estava elevada a minha glicose. E, na verdade, nem dei importância, já que viver sem açúcar seria uma sentença de morte. Eu não conseguiria, mesmo conhecendo todas as complicações da diabetes.

Nesses anos todos, de vida desregrada, carregava apenas dois orgulhos: não beber e fumar. Consegui evitar a hipertensão e os problemas com o colesterol, mas, agora não havia escapatória, teria que lidar com quem sempre esteve a espreita: a diabetes.
Sabia que não dava para adiar mais o, inevitável, diagnóstico. Então, pensei pelo lado positivo, se antes era sentença de morte, agora eu posso viver bem em uma dieta restritiva a açúcar, pois estou, há mais de 2 meses, sem consumi-lo.

Consegui marcar a consulta com a endocrinologista para o sábado. Conversando com a médica, tentei ser o mais honesta possível sobre o meu processo, mas, óbvio, omiti as muitas maluquices. Falei que iniciei em outubro, com duas semanas bem difíceis, depois meu apetite desapareceu, que minha dieta era bem restritiva e eu estava muito bem! Nessa última parte uma mentira bem bonita, pois tenho que fazer jus às sábias palavras do Dr. House, que todo mundo mente.

Ao final, a preocupação dela era em me receitar ozempic. Ela perguntou se eu conhecia, confirmei que sim e disse que não tinha interesse, pois eu não tinha condições de comprar e muito menos apetite, então não entendia como aquilo poderia me auxiliar. Ela insistiu que seria muito bom para mim, novamente relutei. Aproveitei e fiz uma nota mental para saber se ozempic queimava gordura, pois era a única explicação dessa insistência em medicar uma pessoa sem vontade de comer com um inibidor de apetite. Sai do consultório com um monte de requisição de exames e o principal a indicação para o nutricionista. Fui logo falar com a recepcionista da clínica e, para minha felicidade, consegui um horário já para terça-feira.

Como em 2021, eu já havia ido ao endocrinologista, sabia que seriam vários exames, então, na sexta, calculei os horários e me alimentei bem para fazê-los, em jejum tradicional, assim que deixasse a consulta. Sem grandes contratempos fiz os exames e, no uber, a caminho do laboratório pesquisei sobre ozempic e confirmei ser um inibidor. Sim, no dia seguinte, me pesei e ganhei mais 1,2 kg, isso só aumentava a urgência de ver a nutricionista.

Terça-feira chegou e fui preparada para a humilhação. Não vou enrolar, a consulta não poderia ter sido melhor, nada do que antecipei aconteceu. Ao invés de ser esculhambada, fui elogiada pela minha determinação de ter cortado: a salsicha, o refrigerante, a fritura e o açúcar. Ela foi muito amável comigo, mas falou que eu encerrasse imediatamente essa minha versão de jejum intermitente. Achei legal que ela não demonizou o jejum, mas falou que ele era feito com todo um acompanhamento. Gostei também que ela compreendeu que era impossível eu estar bem fisicamente, ouvindo que eu comia tão pouco, não poderia fazer sentido.

Foi uma conversa tão boa e naquele dia caiu um pé d'água, alagou a cidade, e com isso ficamos falando por um bom tempo, pois não havia mais ninguém, no horário, para ser atendido. Muito do que ela falou eu já tinha lido, mas era diferente estar ali, com ela reforçando, explicando e me assegurando que eu poderia comer. Ela perguntou quais os itens entravam no meu cardápio e falou das coisas que eu poderia tentar, pois, ela prepararia um plano alimentar. Ela não esqueceu de dizer que, nesse início, eu iria engordar, mas que seria natural e que eu não me preocupasse. Marquei o retorno para fevereiro.

Saí da consulta sem a orientação, de como proceder no jejum que, a princípio, eu tinha ido buscar. Todavia, levava comigo uma nova estratégia, que em nada se assemelhava a definhar, iria me reeducar para comer bem.

Chamei o uber, meti o pé na água suja e voltei para casa. Pensei até em passar logo no supermercado, pois o principal para a dieta eu não tinha, faltava comida! Porém, com o caos na cidade, achei melhor estrear essa nova fase comendo arroz, que me sustentou nessas semanas, só que agora em uma porção generosa e mais tarde comi cuscuz com manteiga.

À noite liguei para minha irmã, contei como tinha sido a consulta. Foi bom poder falar a verdade, pois nas últimas semanas eu só fazia mentir mesmo. Porque, no início, quando eu contava sobre meu progresso, acabava falando da fraqueza que sentia e isso, invariavelmente, desencadeava uma discussão chata sobre os rumos da minha dieta. Não entendia, na época, ela não estar feliz, já que ela sempre quis que eu emagrecesse, só apontava problemas. Então, resolvi a situação assim: se a verdade traz a guerra, a mentira sela a paz!

Acho que já deu, já escrevi o suficiente! Posso depois postar um último texto falando dos efeitos do meu "jejum apocalíptico" nos resultados dos meus exames, contar o início da reeducação alimentar, o FatSecret e sobre a atividade física. Ah! Esqueci de mencionar, na semana da consulta com a nutricionista eu perdi 3,7 kg e nas semanas seguintes: engordei e emagreci, engordei e emagreci, depois só perdi peso!

Desde outubro não tive uma recaída, permaneci firme, mesmo quando não estava forte. Confesso que, hoje, estou vivendo meu sonho de princesa e nada tem a ver com príncipe, mas é finalmente ter forças para enfrentar o mal que impede a minha felicidade.

Não preciso nem esperar o final do processo, pois quando derrotei o açúcar pavimentei o caminho que me levaria até aqui. Quando perdi a batalha pelo meu corpo, conquistei, sem saber, uma das maiores vitórias! Agora é só uma questão de esperar os meses passarem.

Um resumo rápido do processo seria:
Lili, como você emagreceu? Respondo, para os conhecidos, assim: através da reeducação alimentar com o auxílio de uma nutricionista e fazendo exercícios. Aqui, em poucas palavras, diria: enlouqueci momentaneamente, perdi a noção do perigo e procurei uma nutricionista.

Um último detalhe, eu amo que há barras de alpino no meu congelador! Toda vez que as vejo sei que não representam mais nada na minha vida. Irei me desfazer delas, eventualmente, mas por enquanto é uma maneira boa de me lembrar que eu venci!

08 March 2024

Final - PARTE 1

É chegado o momento, tão esperado, vou, de verdade, colocar um ponto final nesta história. Tentarei ser a mais direta possível, mas antes um sumário dos textos que nos trouxeram para o capítulo final.

O início foi uma síntese de como cheguei aos 147 quilos. Isso para compartilhar que, depois de muitos anos, eu usava uma calça jeans. Depois, achei que era relevante explicar sobre o radicalismo, intrínseco em mim, um importante fator no meu processo e como acabei com meu pior vício: a coca-cola zero. Prossegui externando sobre meu grande problema: a fritura de imersão. Então, relatei sobre receber um presente, corriqueiro em aniversários, que transformou completamente a minha vida.

Na verdade, em um contexto normal, receber um agrado de um irmão, no aniversário, não quer dizer nada além de um gesto carinhoso. Mas, a vida é feita de significados, tentamos achar sentido nas coisas. E a pessoa que me fez o afago jamais me daria algo que contribuísse para a minha condição de obesa mórbida. Por isso, encontrei uma explicação, por mais absurda que pudesse ser, e foi nessa "revelação" que eu senti a força que eu precisava para mudar o rumo da minha vida.

Pronto, com as ideias organizadas, é hora de contar como o meu maior inimigo, o açúcar, foi exterminado em um processo, onde a sanidade não tinha vez.

Infelizmente, no último texto, por deixar a mente livre, só consegui chegar ao meu armário da cozinha. Agora, só para completar, na geladeira, não tinha nada além de 3 garrafas de água, 2 kg de arroz, 2 pacotes de milho para pipoca, 1 manteiga, algumas balinhas, na porta da geladeira, e meio pacote de: macarrão, feijão fradinho e cuscuz. O freezer continha: 9 barras de alpino, meio quilo de filé de frango e muito coentro e suco de limão congelados. Um adendo, só para esclarecer, guardo alguns itens atípicos na geladeira por questão de conservação, o coentro e o limão por economia. Não resisto ao coentro a 1 real e nem os 2 reais por 10 limões. Para finalizar, havia óleo, azeite e alguns temperos no balcão do armário.

Iniciei o jejum intermitente, usando o aplicativo GoFasting, no protocolo 16h/8h, mas no dia seguinte passei para 20h/4h, só que sempre estendia para ficar 22 horas sem alimentação. Entretanto, mencionei em um relato anterior, que essa janela, de 2 horas, era apenas para almoçar e, em seguida, comer uma fruta trazida da rua. Só que, logo, percebi que a fruta não tinha espaço na dieta, pois, eu tinha que emagrecer "fechando a boca".

Então, passei a comer apenas arroz com frango ou feijão com frango. Fiquei nessa restrição desses itens por algumas semanas, mas ia aumentando o tempo do protocolo e diminuindo a porção no meu prato. Na minha cabeça, estava tudo, na medida do possível, transcorrendo bem. Perdi, em cerca de 2 meses, 14,6 quilos. Mas, na realidade, meu corpo estava cada vez mais fraco e a qualquer esforço físico sentia como se fosse desfalecer.

Evitava realizar algumas atividades, visto estar sempre cansada. Há um supermercado a menos de 800 metros de casa, sempre ia a pé e retornava de uber, caso as compras estivessem pesadas. Depois de umas semanas, nesse "meu jejum", fui ao supermercado e a caminhada rotineira mostrou-se um dos maiores desafios físicos que enfrentei.

Não sei como consegui chegar, mas longo que entrei, fui direto para área dos clientes sentar e tentar evitar que eu desabasse na loja. Não tenho ideia por quanto tempo, naquele ar refrigerado, fiquei aguardando... estava com tanto calor, uma agonia enorme! Só queria uma garrafinha de água gelada, que estava em uma mini geladeira bem na minha frente, mas não tinha forças para levantar e nem coragem de pedir ajuda. E isso me aborrece muito, pois não é anormal passar mal e solicitar assistência, mas, na minha situação, seria um atestado do que eu estava fazendo era errado.

Então, enquanto eu me recompunha, fiquei decidindo se retornava para casa ou ainda tentava pegar os itens que eu queria. Venceu a estupidez, que tenho demais, e na fila para pagar, novamente, senti que iria apagar. Consegui retornar para a cadeira, chamei o uber e em poucos minutos estava em casa.

Pronto, estava decretado o fim das minhas saídas a pé, não havia condições, não era seguro. Porém, na minha total falta de lucidez, ainda estava tudo bem. Porque, havia uber e eu ia a lugares que não eram quentes. O processo continuaria, sem mudanças, estava tudo "perfeito"!

Claro que, quando tinham compromissos, me alimentava bem melhor. Não podia deixar de cumprir meus deveres, mas dava para conciliar com meu novo estilo de, deterioração da, vida.

Se meu físico não estava respondendo bem, mentalmente estava muito forte e feliz! Perdia peso, e não me interessava se não era gordura que estava sendo eliminada, a única preocupação era com baixar os dígitos na balança.

Estava tão imersa em "fechar a boca", que outubro passou e eu nem me dei conta de um detalhe que só perceberia em novembro. A responsável por abalar e, por conseguinte, arruinar minhas dietas, a famosa TPM passou sem deixar rastro, nenhum vestígio. Em novembro, a menstruação chegou e a "loucura" que a precede não veio, imediatamente, lembrei que outubro foi de paz também. Fiquei pasma, incrédula, era mais de um mês sem consumir açúcar! Estava tão focada no propósito, que, se o corpo exigiu doce, não tive ciência. Essa foi a primeira grande batalha que venci!

Segui "firme e fraca", em novembro, comendo cada vez menos e com mais tempo de jejum. O peso continuava caindo e era apenas isso que importava.

Vou confessar uma coisa, para me auxiliar no processo de permanecer focada, apelei para um recurso incomum, projetei um cenário catastrófico na minha mente. Tinha consciência que eram errados esses pensamentos, mas eles me ajudaram. E se estou contando como foi o meu processo, não posso deixar de citar que trabalhei a minha cabeça com o intuito de enviar uma mensagem ao meu corpo. Só para deixar claro, agora, tenho noção da insanidade, mas na época eu apenas estava exausta de sempre lutar e toda vez perder.

Minha imaginação é fértil, admito, e usei esse recurso para inserir uma nova realidade que passei a viver. Parece loucura, eu sei! E não darei detalhes, porque tenho noção do ridículo. Apesar disso, reprogramei e aceitei que eu estava, em um local ermo, tinha acesso apenas a água abundante e arroz. Esse cenário invariavelmente me levou a outros dois, que prefiro não dizer, pois, é bem triste ter que me refugiar em situações tão extremas para poder emagrecer, é bem doentio.

Entretanto, compreenda que a essência dessa fantasia não tinha nada a ver com apetite, pois realmente não o tinha. Eu precisava evitar o desgaste físico. Meu corpo tinha que entender que eu não podia fazer absolutamente nada! Tínhamos (meu corpo e mente) que nos adaptar a "realidade" e racionar a comida era imprescindível, já que não sabíamos quanto tempo precisaríamos ficar "lá". Porém, meu problema veio logo em seguida, quando meu corpo não só entendeu a mensagem como reagiu a mesma.

Muito provavelmente eu encerraria a história nesta parte, mas como vou, ao menos desta vez, cumprir uma promessa irei continuar. No entanto, vou fazer outra postagem que colocarei minutos depois desta, porque, mesmo eu editando, ficou um texto grande.

03 March 2024

Weigh-in: 216.9 lb lost so far: 80.5 lb still to go: 95.9 lb Diet followed reasonably well
   (2 comments) losing 1.5 lb a week

24 February 2024

Estou de volta para encerrar essa história. Esse é meu desejo desde a primeira parte, mas fico conversando... e um texto grande vai se formando. Quero detalhar as situações, no entanto dava para resumir em poucas palavras o que aconteceu, porém acho que a compreensão da loucura necessita dos pormenores. Então, vamos a eles.

Consumida pelo desespero e com a mente em frangalhos, eu embarquei no jejum intermitente. E tenho que confessar que não foi nem um pouco complicado no início. Quando conto, sobre o meu processo, prefiro dizer que passei duas semanas difíceis e depois foi tranquilo, me acostumei, porque a verdade necessita dizer que, na minha cabeça, por intervenção divina, meu apetite foi embora.

Fiz inúmeras dietas e já havia feito o jejum intermitente, há alguns anos, e sempre passando fome, sofrendo horrores. Então, quando experiencio a falta de apetite, sabia que estava tendo uma ajuda poderosa.

Só quem fez um dieta restritiva, tendo um apetite voraz, entende o tamanho da benção que recaiu sobre mim. Por isso, para soar normal, prefiro contar a versão de que foram semanas árduas. Todavia, fazer o jejum intermitente, livre do apetite, só reforçou, para mim, que era meu destino prosseguir a qualquer custo.

Naquele período, só uma coisa martelava a minha cabeça, aquilo que, desde nova, sempre escutei: "só emagrece fechando a boca!". Portanto, seria justamente isso que eu faria. Apeguei-me no aval divino e fui gradualmente retirando todos os alimentos possíveis da minha dieta.

Na minha casa não tinham mais nenhuma fruta, verdura ou legume, nada fresco! Não tinham ovos, queijo ou pão. E era para ser assim mesmo, uma vez que eu não queria mais comer glúten nem lactose. E por que cortei os vegetais? Porque, senão eu comeria banana, maçã e batata, tinha que ser radical, visto que 'só emagrece fechando a boca!".

No final, no meu armário só sobraram: um pacote de sal, 1 embalagem de cravos, 1 latinha de sardinha (inquilina mais longeva, pelo menos, já uns dois anos), um resto de sal grosso, 3 potes grandes com cerca de 4 quilos de açúcar. Já adianto que, quando cortei tudo, o açúcar foi de imediato abolido e, no caso, hoje só serve para esfoliação na pele mesmo.

Antes, usava muito para água de beija-flor. Teve uma época que parei, porque disseram que fazia mal a eles, mas depois disseram não há problema. Por isso, havia tanto açúcar em casa. Sim, claro, também fazia um monte de receitas doces. Porém, sabe quem também gosta de água com açúcar? Os beija-flores da noite: os morcegos!

Era só esquecer de retirar os bebedouros e lá vinham eles para meu completo terror. Entravam no apartamento e ficavam indo e voltando tentando achar a saída. Uma vez, as sombras, no vidro da porta da varanda, pareciam um filme de horror, voando enlouquecidos. E na varanda há rede de proteção, mas isso não impede o acesso deles.

No final, foi melhor assim! Também, porque havia um beija-flor que infernizava os demais. O serviço dele era plantão na varanda entre os dois bebedouros, para que nenhum passarinho ou beija-flor pudesse usufruir daquela água.

Ele atacava mesmo, uma vez gravei um vídeo de um quase assassinato. Ele deu tantas bicadas no outro beija-flor que ele ficou caído, não intervi porque fiquei chocada com tamanha violência. E depois foi melhor mesmo, porque ele ferido ia cair da varanda com medo da minha aproximação e com o tempo ele se recuperou e foi embora.

Entretanto, aquele espírito ruim não venceu, pois os bichinhos passaram a entrar na varanda para provocá-lo, o que fazia o beija-flor sair em perseguição, deixando a área livre para os outros aproveitarem, até o retorno daquele "ser de pouca luz".

Chega de falar de beija-flor, voltemos para meu armário! E por fim, restaram 5 pacotes de bicarbonato de sódio, grande coringa na limpeza e um item que salvou a minha existência. Então, já que desviei do jejum intermitente, só vou fugir, prometo ser rápida, mais um pouquinho da história, contudo por uma razão nobre. Tenho que registrar aqui esta dica.

Em 2015, eu iria me ausentar, por um mês, do meu apartamento. Local esse infestado por pequenas baratas e nada resolvia este problema: eram muitas e em todos os lugares! Eu pensei: "se eu matando diariamente está esse pandemônio, imagina um mês inteiro sem qualquer ação para controlar a população?".
Imbuída no espírito de salvar meu lar dessa praga, recorri ao nosso grande aliado dos tempos modernos: a Internet.

Fiz inúmeros procedimentos e nada resultou, mas encontrei uma receitinha que valia a pena testar, claro eu não tinha mais nenhuma opção! Então, comprei açúcar refinado e bicarbonato de sódio. Separei dezenas de tampas (manteiga, nescau, batata stax, sorvete) para colocar a isca. Não tem segredo, é só colocar em um recipiente uma porção de açúcar refinado e a mesma quantia de bicarbonato de sódio, mexer para misturar e depois dividir esse pó branco nos recipientes, que serão espalhados pela casa.

Não precisa ser muito por tampinha, creio que uma colher rasa de café é suficiente. Eu coloquei mais de 30 iscas no apartamento e fui viajar. Retorno e encontro um cemitério: corpos para todos os lados, grandes, médias e pequenas, de todos os tamanhos!

Ficamos livres de baratas, minha mãe amou até descobrir uma lagartixa entre os mortos e ficou a lamentar: "A bichinha não faz mal a ninguém!". Mainha é mesmo fã de lagartixa, só vê benefícios, e como eu tenho medo não fiquei lamuriando e isso a deixou chateada. Sempre que eu trazia a tona o assunto, gostava de me vangloriar, pois foi um momento épico, era sucedido por uma lamentação sem fim. Minha glória foi ofuscada pela vítima inocente daquela barbárie.

É seguro para colocar em casas com crianças, cães e gatos, porque não é veneno. O que ocorre, pelo que me lembro, é uma reação do bicarbonato no estômago dos insetos, eles estufam e morrem. Sim, em ambientes úmidos o açúcar vai derreter e ambientes secos vai petrificar. Não sei em quanto tempo a "mágica"  acontece, porque eu não estava presente.

Eu prometo as coisas e não cumpro! Um dia qualquer eu termino essa história, mas eu não tenho culpa se o açúcar e o bicarbonato desviaram minha atenção ao que te fato importava. Se eu não me conhecesse diria: "Talvez, seja um mecanismo de defesa, para não dizer o que aconteceu no jejum!" Mas, não, eu só perdi o fio da meada. Até a próxima!

19 February 2024

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